quinta-feira, 23 de abril de 2009

A crise no vôlei feminino brasileiro



Causou surpresa geral a retirada dos patrocínios do banco Finasa e da Brasil Telecom no vôlei feminino. Primeiro, porque, especialmente com a equipe paulista, a relação do banco com a equipe já vinha de muito tempo. E, segundo, porque o vôlei feminino no país conquistou no ano passado o seu melhor resultado em termos de Olimpíadas, quando obteve a medalha de ouro. Em outras palavras, o vôlei feminino tinha tudo para manter a sua trajetória de sucesso no país.

Não creio que tenha sido uma decisão fácil. Os resultados obtidos pelas duas equipes nos últimos anos mostram que os investimentos feitos obtiveram retorno garantido, mas também é preciso (tentar) entender o outro lado da moeda.
Por melhores que fossem os resultados, dentro e fora das quadras ou dos campos, a crise financeira "pegou" de forma mais intensa dois setores: o financeiro e o automobolístico. Portanto, em menor ou maior grau, o Finasa sentiu os efeitos da crise. Por ano, eram investidos em torno de 12 milhões de reais, o que garantia, por exemplo, a presença de 4 jogadoras da equipe brasileira medalha de ouro em Beijing: Thaísa, Sassá, Carol Albuquerque e Paula Pequeno. Com a crise, o investimento deve ter ficado mais pesado para a instituição financeira e a opção foi cortar alguns investimentos, entre eles aquele feito na equipe de vôlei. Uma pena, mas é do jogo. Dizem que o vice-campeonato na Superliga teria contribuído para a decisão, mas ganhar ou perder faz parte do esporte e nenhuma estratégia de marketing esportivo se mantém com este tipo de pensamento.

No caso da equipe de Brusque, em Santa Catarina, a situação é um pouco diferente. A Brasil Telecom foi vendida para Oi e sempre que existe a venda de uma empresa para outra, as decisões tendem a mudar. Isso afeta as pessoas, o modelo de gestão e os processos internos e ocorre mais fortemente quando a marca que investia no esporte é vendida e não o contrário. Fora o investimento feito no judô e no Ronaldinho Gaúcho (que não sei se são mantidos), particularmente não lembro de nenhum outro investimento de porte da empresa e uma prova disso é que, no site da Oi, o foco dos patrocínios é muito mais cultural. Nem mesmo aparece o estado de Santa Catarina dentro da área de atuação da empresa, ou seja, sinal que ainda estão sendo feitas mudanças nas duas empresas. Não se trata de defendê-las, mas também entender um pouco mais sobre elas.

No marketing esportivo, quanto mais longa for a relação, melhores serão os resultados. Essa situação, porém, não impede as mudanças que ocorrem no mercado e que fazem com que os investimentos no esporte sejam suspensos, o que significa que as duas empresas podem no futuro retomar os investimentos esportivos.
Claro que a repercussão quando isso acontece no esporte é maior. A cada dia, muitas pessoas são demitidas e boa parte da população sequer fica sabendo disso, salvo quando isso afeta uma unidade inteira ou muitos postos de trabalho de uma única empresa. Todos nós lamentamos a situação, mas a vida segue. É nos momentos de crise que todos nós nos fortalecemos.

Aliás, para não perder tantos talentos reunidos, talvez fosse interessante a participação da Confederação Brasileira de Vôlei nesse momento. Um projeto associado à Lei de Incentivo ao Esporte que contemplasse as duas ou mais equipes talvez seja um caminho rápido para solucionar o problema, ainda que isso demore um certo tempo para ser elaborado e aprovado junto ao Governo Federal. De qualquer forma, todos nós estamos na torcida para que o esporte não seja o maior prejudicado.
ESCRITO POR FERNANDO TREIN

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